domingo, 24 de julho de 2011

Sonata

O céu transbordava
até nas bordas do desespero

As nuvens dançavam
o eletrocardiograna

Marte brilhava e brindava
por mais alguma alforria

E a lua?
A lua queria
que nossos olhos fossem olhares
que nossas almas fossem poesia
que nosso nada
fosse um pedaço
do abraço
que de seus raios ela enchia

O céu era magia

E pelos toques
as peles lembravam
o que dizia a sintonia

O céu era magia

E nas vértebras
o senso gritava
por mais uma sinfonia

I.G.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mágoas de rapina

Quero sentir de novo
aquilo que eu quis perder
mas com um outro alguém
num outro mundo
outro segundo
Pra quem sabe
escolher viver
mas com outro porém
num outro profundo
outro fecundo

Quero sentir de novo
e quero que o novo seja a rotina
quero a intensidade
daquela saudade que vai e vem
quero olhar os muros
e ver alguém
quero olhar o céu
e ver alguém
quero que cada cheiro
se torne um dilema
e cada passo um poema

Quero, quero, quero
mas meus quereres
são propinas
que invento pras rapinas
que circulam o meu ser

I.G.

domingo, 17 de julho de 2011

Para minha tia

Os anos passam e a dor continua ali, assim como as alegrias. Os anos passam e sua falta ainda é presente, e é um presente perpétuo, um presente que me  faz uma criança em busca de broncas, de colo, de  você. E eu te encontro nessa  falta. E o meu amor se mostra nela. Vem-me de novo a dor e de novo as alegrias, e a pessoa que  você foi se recria em cada ensinamento que  ficou. Você é presente, porque sua coragem vive na ausência insubistituível que mora em mim. Amo você no presente que todo o futuro um dia virará.

I.G.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Transfigurado

Hoje eu acordei poeta
e o mundo acordou lego
eu vi a  desconstrução
e ele quis reconstruir
então brinquei de montar
e ele de sacanear

Eu queria tudo em seu lugar
malabaristas equilibrando mentes
serpentes curando homicidas
pipocas estourando velhices
tietes apedrejando seu íntimo
marionetes surfando em delírios
e do secreto, fez-se o sentido

Mas o mundo colocou um muro
e a ponta caiu de cabeça
Agora deliro feito marionete
feito tiete de uns malabares
Atiro pipoca em fez de pedra
nas pernas daquela serpente
Estouro todo o equilíbrio
e ao vez de curar mentes
surfo em mentiras
E os homicidas
veem a velhice
mas morrem
tiro após tiro
fuzilam
todo o seu íntimo
fuzilam
o meu suicídio

Hoje acorde o que quiser
mas lembre que o mundo
acorda lego
acorda de ponta-cabeça
então olhe desfigurando
olhe desfigurado
a beleza vem contorcida
e o brilho começa na intimidade

I.G.