quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Gosto do gosto

Eu gosto do gosto
que se arrasta pelas bocas
Tem forma de assonâncias
Tem asno à arrogâncias

Eu gosto do gosto
que ilude, não engana
que imita uma cigana
ínfima em seu gingar

Eu gosto do gosto
que não perde o alvoroço
que não teme o pudor
que não mede o fedor

Eu gosto do gosto
que a muito não encontro
Oh ! Delicioso
queria eu o degustar

Eu gosto do gosto
dessas palavras torpes
que sagazes ousam
do amor debochar

Só não gosto do gosto
das velhas mimésis
Estão em todo lugar
inclusive em meu linguajar

Logo, deixo exposto
que gosto do gosto do meu desgosto

I.G.

Irrelevância

Se amo
e se esse amor é suficiênte
para me transformar em sonho
então serei verdade
e meu destino: saudade.

I.G.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fim de vida

Os bigatos daqueles becos
Infestados de maus anseios
Dos quais fui  dos primeiros
A apontar-lhes os dedos
Esculachando-os, ludibriando-os
Por fingirem ser verdadeiros
Hoje comem os sonhos
Que larguei em meus travesseiros
Hoje brotam dos peitos
Que matei nos primeiros erros
Hoje soltam gritos gostosos:
Sobraram-te os destroços
De todo aquele ócio
Que um dia condenou
Por fim:
Defeco no perfeito
Dependo dos defeitos
É o que me restou
É o que agora sou.

I.G.

domingo, 18 de setembro de 2011

Ao sentimento

Amor
Não te chamei
nem te quis
Por vaidade, confesso
mas ainda assim
não tem o direito
de eclodir em meu peito
sem prestar contas a mim
Aceito sua morada
aqui  tão bem aconchegada
contudo
detesto, abomino
cada estada
de seus agregados:
do suspiro à saudade
do repúdio ao desespero
Mesmo assim, infesto-me
expondo-me a suas vontades
iludindo-me sem necessidade
inibindo-me...
E a inibição, amor, mata
mata os dias que eu podia ter
sem você
mata os amores que eu queria ter
sem você
mata o mundo que eu sorria por ser
sem você
Mas esse inferno me domina
e cresce dia pós dia
num sentimento sufocante
e incrível
agonizante
e imprescindível
Meu amor, por favor, suma daqui
Meu amor, por favor, saia de mim
Meu amor, por favor, me ame também.

I.G.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Prisão

Minha memória é uma arma
apontada para a minha aura

Vejo flashes de prazer
 êxtases do querer
toques
sussurros
palavras
silêncios
cheiros
verdades inconscientes
vaidades veementes 

O tempo agora é nada
só minhas vontades valem
só minhas sensações guardadas
só meu mundo de amor
só meus sentidos libertários
só minha falta de chão

Falta... só a falta
e volta o tempo
e volta a vida
e volta a vontade de esquecer
que me perdi em nada
que me perdi em mim
e que tudo não passa
de uma realidade ruim 
 
I.G.