terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sublimação

Estávamos cara a cara
as faíscas do meu medo reluzindo
as grades dos pudores corroídas
aquelas tantas vontades enlouquecidas

Estávamos de mãos dadas
as peles se testando em arrepios
as mentes se enroscando como de feitio
aqueles tantos e tantos calafrios

Estávamos sem entender
mas os olhos sabiam decor
que aquilo era bem melhor
do que podíamos querer

E o estar virou questão de ser

Éramos cara a cara
nossos lábios se uniam
e nossa vida transparecia
em cada gota de prazer

Éramos de mãos dadas
o calor de nossas almas
o feitor daquelas brasas
a flor do não dizer

Éramos sem entender
aquela mesma parte
que jurou o desvairado
à ternura de todo ser


E o ser virou sublime.


I.G.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Miragem bem-estar!

Ah, meu país!
Outro boom! Outro milagre!
Outra alegria nessa casa
Outra gente gargalhada
Ahh, essa gente gargalhada...
Compra, paga, compra, joga fora.
Ahh, essa gente gargalhada...
Compra, ri, compra, esquece
Estremece esse país
Enche, infla, engrandece
Enche, infla, enobrece
Enche, infla, encoberta
Tanto lixo, tanta bosta
Tanta falta de interesse
Tanta, tanta incompetência
Ah, essa gente gargalhada
Que se esbanja nessa hora
Que esconde o embora
Estremece esse país!
Enche ingênuos de esperança
Enche a bola de enganos
Infla os defeitos
Infla os erros feitos
E a onda passa
a hora é essa
a da labuta
a da conduta
a de querer o que nos espera
a de espantar essa Quimera
que envenena nosso porvir

I.G.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Diálogo de falácia

O que fará você diante de um mundo que implora?
Implora?!
URGE por você! Por presença...
Descrença!
Realmente... agora o mundo acalmou.
Impotência!
Solenemente proclamo a guerra individualista nos derrotou.

I.G.