terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sublimação

Estávamos cara a cara
as faíscas do meu medo reluzindo
as grades dos pudores corroídas
aquelas tantas vontades enlouquecidas

Estávamos de mãos dadas
as peles se testando em arrepios
as mentes se enroscando como de feitio
aqueles tantos e tantos calafrios

Estávamos sem entender
mas os olhos sabiam decor
que aquilo era bem melhor
do que podíamos querer

E o estar virou questão de ser

Éramos cara a cara
nossos lábios se uniam
e nossa vida transparecia
em cada gota de prazer

Éramos de mãos dadas
o calor de nossas almas
o feitor daquelas brasas
a flor do não dizer

Éramos sem entender
aquela mesma parte
que jurou o desvairado
à ternura de todo ser


E o ser virou sublime.


I.G.

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