segunda-feira, 10 de maio de 2010

nós e nós

Nas ruas vazias
de onde vim
não havia fome alguma
mas também não havia comida
e também não havia quem comer
nem quem roubar
nem quem perder
nas ruas vazias
de onde vim
havia o nada e o tudo
de ser eu
não havia quem me julgasse
quem me odiasse
não havia quem amar ou conversar
havia uma eterna construção de mim mesma
uma eterna fortificação do meu próprio existir
e de repente dessas ruas saí
e vi povoados
vi florestas
vi o mar
vi fome,doenças e descrenças
vi esperanças persistencias e sonhos
vi então que minha construção
não passava de um telhado
sem rachaduras porém sem paredes
sem manchas porém sem cores
vi que só me conheci
depois de conhecer
o que sou capaz de fazer
num mundo cheio de nós
basta você me dizer
como quer que este seja
cheio dos nossos nós
ou cheios de nossa gente
que entre nós e os nós
deixe de existir a indiferença

De: I.G.

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